Quer investir na carreira sem abrir mão do sonho de ser mãe? Aqui vão algumas dicas do que aprendi na minha jornada.
Tenho 15 anos de carreira, há 10 atuando em posições de gestão em Talent Acquisition, Recrutamento & Seleção e Pessoas.
Nessa jornada profissional aprendi que a única constante do nosso mundo é a mudança. Aprendi também que precisamos nos reinventar todos os dias. Estamos passando por uma revolução não somente tecnológica, mas multidisciplinar, antropológica e também do mundo do trabalho e do futuro das profissões.
No mundo do trabalho, felizmente, passei por organizações que também estão passando por essa disrupção. Fui, por exemplo, contratada nas minhas duas gestações, aos 3 e 7 meses de gravidez.
Essas empresas já estão um passo à frente em termos de gestão ágil e com pilares afirmativos de diversidade & inclusão, trazem exemplos como o de mulheres gestantes sendo contratadas e promovidas, assim como foi o meu caso.
Mas aí você se pergunta, e o que as empresas ganham com isso?
Empresas com investimentos em diversidade de gênero, por exemplo, têm probabilidade de performance financeira 21% maior do que as que não possuem. Ou ainda, há um aumento de 33% de lucro das instituições quando há diversidade racial . (Mckinsey, 2018).
A Inc Magazine correlacionou o estudo “”The XX Factor: The Strategic Benefits of Women in Leadership,” com outros fatores como a “Peakon’s methodology” e identificou que mulheres líderes conseguem combinar e comunicar estratégia e visão conseguindo alto engajamento dos times.
No estudo “The Damage Inflicted by Poor Managers” identificamos que times engajados reduzem 24% a 59% do turnover, aumentam 21% da rentabilidade, 17% de produtividade e reduzem 41% do absenteísmo.
Logo, líderes estratégicos e com uma visão clara e objetiva são extremamente necessários não somente para o engajamento, mas também clima e resultados ligados ao negócio.
Além de comunicação e pensamento estratégico, o estudo também comprovou que mulheres líderes cultivam e acreditam nos produtos e nos valores das empresas às quais estão conectadas — e trazem o propósito do negócio às pessoas que atuam com elas.
Na prática e na minha visão, ser mulher e mãe provocou mudanças no meu estilo de liderança e nas relações interpessoais.
Exigiu planejamento e flexibilidade.
Exigiu definição de prioridades.
Me fez ter empatia ao orientar pessoas, dar e receber feedbacks construtivos diretos, o que é fundamental para a construção de uma cultura ágil.
Me fez querer aperfeiçoar meu autocontrole. (quem nunca fez uma reunião daquelas que precisa de total concentração com a criançada gritando ao fundo, um chorando, o outro pedindo colo, e vai por aí.. )
E por fim, na minha visão, a maternidade traz essa visão mais holística e empática do ser humano. Com isso conseguimos nos conectar com a melhor versão das pessoas, os seus propósitos. É essa conexão e o sentimento que buscamos hoje em dia quando avaliamos uma cultura de empresa para fazer parte das nossas vidas.
E quais condições as empresas, de maneira geral, deveriam minimamente proporcionar aos funcionários que são pais e mães?
- A “diversidade não se sustenta sem inclusão”. O que isso quer dizer? Que uma empresa pode apresentar quadro de colaboradores diverso e, não necessariamente, inclusivo. É necessário dar condições para que cada um possa ter sua individualidade, de um novo espaço sendo ocupado por um grupo de pessoas com necessidades diferentes. Isso vale para todos os recortes de diversidade, não somente para mulheres.
- O trabalho remoto e jornadas flexíveis são condições que favorecem muito os colaboradores (em termos de deslocamento, facilidade por exemplo) mas em geral, também favorecem muito os pais, que podem participar mais do dia a dia e rotina dos filhos, mesmo com atribuições divididas ao longo do dia.
- A cultura voltada para a empatia e a humanização das relações de trabalho — principalmente construída ao longo da pandemia — permite aos pais se sentirem mais confortáveis em expor situações e necessidades específicas — ao seu gestor, times, colegas.
- Gestão autônoma: Essas são algumas práticas das organizações ágeis, que permite por exemplo : que as lideranças e o time assumam responsabilidades uns com os outros, tenhamos espaço para errar e administrar responsabilidades maiores de forma saudável. Assim, todos se sentem mais confortáveis — cada um com sua necessidade e realidade familiar.
Gostou? Quer investir na carreira sem abrir mão do sonho de ser mãe?
Em geral, empresas com metas intangíveis ou cobrança excessiva para uma expansão rápida não conseguem aplicar na prática os conceitos para inclusão.
Busque empresas que sejam abertas, flexíveis e estejam nesse novo patamar de buscar um crescimento orgânico com consciência, sem deixar de lado, a qualidade de vida dos funcionários.
Invista em conhecimento e experiência prática de soft e hard skills: liderança feminina, inteligência emocional, gestão de conflitos e do tempo e até mesmo agilidade.
Por onde começar?
Dicas de temas de soft e hard skills bastante difundidos atualmente:
- Programas para liderança feminina (A Exame Academy e a Fin4She possuem um curso excelente a WEP)
- App Mulheres positivas que aborda temas desde saúde da mulher, finanças, dicas de carreira, liderança executiva
- Para quem quer fazer uma mudança completa para carreira tech: Cursos na Trybe, Edumi e Ecole 42 , Apple Academy, são excelentes instituições para formação de profissionais de tecnologia em diversas áreas e stacks.
Sei que temos muito ainda a fazer, mas seguimos aprendendo uns com os outros, compartilhando, nos reinventando, e fomentando ações para transformar o mercado e trazer mais equidade e oportunidades para todos e todas.